quarta-feira, 14 de julho de 2010

RESET



Olá, queridos leitores(?)!!!!!!!!

Primeiramente, como imaginaram quando viram a foto dos nossos correspondentes na África, perceberam que eram independentes. Por isso, fizeram uma espécie de mochilão pelo continente negro e ainda não voltaram. Aliás, não tenho contato com eles. Se os vir por aí (olhe nos textos abaixo), comunique-me.

O CAMPEONATO BRASILEIRO esta de volta! Sinceramente, é o mais difícil e competitivo que já vi. Há o conhecimento entre os jogadores, muitos já se enfrentam há anos. Mas aparecem vários outros, incrível. Por sorte, a primeira rodada pós Copa, ou 8ª rodada do primeiro turno, favoreceu, por enquanto, ao Mengão e aqueles que precisavam subir na tabela ( menos o Bacalhau...).

Flamengo e Botafogo. Primeiro encontro após a nossa derrota no estadual. Justo. Se eles não tiveram o louco batedor de penaltis na Copa, nós perdemos nossos "irmãos metralha" e o chileno que também esteve lá. Jogadores conhecidos uns aos outros. Citando números, no Fogo tinha o 1, o 10, o Leandro Guerreiro, o Fahel, os carecas... Pelo Mengão, havia laterais, Pet, Willians (no plural mesmo) e o Paulo Ségio que nós conheciamos. Garoto parece ter amadurecido. Ou seja, os times se conhecem há tempos.

Gramado ruim, horário de jogo agradável, pra quem convive com a novela, se f... (rs). A bola rolou!! Maraca vazio, protestos legítimos e um futebolzinho. Uma chance firme pra cada um no 1° tempo, nada mais. O juíz impressionou, a falta tinha que ser dura ou para travar contra ataque, na canelada seguia o jogo. No segundo tempo, até o Joel botaria o Paulo Sérgio. Não deu outra! Aliás, aquela pequena área a esquerda das cabines é mágica, quantos gols importantes foram daquele lado?!

Boa sorte aos tricolores amanhã. Os líderes iniciais do campeonato sempre refugam.
Valeu MENGÃO!! Ano novo, vida nova.
Atenciosamente,
Urubu Folgado.

P.S: nosso novo goleiro esta há dez anos no clube, é novo, estreiou bem, é flamenguista (fundamental, esse é um dos nossos privilégios diante de outros times, somos torcedores-jogadores) mas também é explosivo e já foi covarde com mulher. Espero que o Novo Testamento seja diferente...

Olhem o que escrevi após a derrota do Fla para o Flu nesse primeiro turno:


"Enfim, GOL DO BRUNO!!! Ops?!?! Só um momento, gol de quem?!?!? Goleiro????? Puts, esse também deve ir embora. No mesmo navio que levará outros do Mengão. O $$$$ (din din) fala mais alto! Estão presos aos seus empresários. O destino nas mãos dos cartolas. Não são escravos, mas perderam a liberdade de escolha. A nau negreira partiu, ainda não se sabe pra onde. Somente uma certeza: vários irão atravessar Oc. Atlântico, outros ficarão pelo caminho. Boa sorte a todos. Ao último, a tarefa: apague a luz ou sopre a vela."

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Zeromil zerocento e zerento zero, como diria meu avô...


Olá leitores,

Iniciou-se a Copa do Mundo. Seleções em campo. Os convocados. Os árbitros e bandeirinhas. Estádios lotados. Locutores esportivos de todas as partes do mundo. Comentaristas. (Ex) jogadores. Hinos nacinais. Bola rolando. Faltas. Escanteios. Defesas e ataques. Cartão amarelo. Intervalo. Gol! É gol! E o placar final...

1 X 1


Depois...


0 X 0


Catalão, botafoguense, tricolor, mexicano, francês, hermanos e vuvuzelas, calados e apáticos ao empate. Quem vos escreve, esteve derrotado nas rodas das altas apostas cariocas. Rodada de vinte pontos, marquei apenas cinco. Pareço-me com o Flamengo. Bom sinal.


Que venham os sul coreanos!! Hella Pedagmum! ELLAS ELLAS ELLAS

Até mais,

Urubu Folgado, no sul da África do Sul.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Acompanhe a Copa aqui!!!


A melhor cobertura da Copa do Mundo esta aqui, com esses nossos 2 correspondentes especiais!!!
Acompanhem!!

sábado, 29 de maio de 2010

O maior gol de todos os tempos


Luis nasceu num dia quente, numa opressora tarde de verão carioca, quando o médico responsável pelo parto resolveu dar cabo do gritar desenfreado da mãe, que acabou por ter que dar a luz da maneira que não desejava, através de um corte de bisturi. Dizia ela que já que seu filho teria que conviver com a incontornável mão da intervenção da ciência – e da má ciência, como os alimentos industrializados e as redes sociais na internet, assim dizia pretensiosamente a mulher tatuada em um tempo diferente do seu próprio -, que ao menos no primeiro contato com a existência além útero, o menino deveria ser conduzido pela mão da natureza.

Não se sabe ao certo o que as primeiras impressões sobre o mundo externo causam de definitivo à pessoa. Levando em conta que tudo o que nós conhecemos quando recém chegados à vida são aquelas sensações mais primitivas, as que minoramos, desprezamos e subestimamos depois de velhos – os cheiros, dores, a fome e a variação da temperatura -, podemos afirmar que Luis nasceu sob jugo da opressão da estação do Sol. Durante os seus primeiros meses, o menino agonizou, chorou irremediavelmente diante da brasa do sádico tumor amarelo que jamais brilhara tão intensamente quanto naquele ano. Sua mãe que já havia de tê-lo parido sob condições artificiais, agora tinha mais um canhão para o seu arsenal verborrágico diário contra a humanidade e suas excrescências contemporâneas; coisas como o aquecimento global, que naquele momento fazia seu menino cair em prantos irrefreavelmente diante do bafo da fornalha que malogrou o ar daqueles dias.

E se alguém jamais atinou para o quanto o temperamento humano em seu estágio inicial de pavimentação se dobra mediante as reminiscências dos primeiros dias de vida, é bom que se preste atenção, então, ao menino Luis. O menino sentiu o fogo da opressão desde os primeiros instantes: no alvorecer de tudo o que estaria por vir, estavam postos um bisturi, uma luva, uma irascível e resmungona mãe e o sol, um sol jamais sentido como naquele ano. Não havia fome sem calor; não havia sono, riso, choro, fezes, tios, brinquedos sem o calor. Tudo passaria a ser visto e encarado, daqui para frente, através da angústia e da pele untada em suor naquelas semanas de iniciante.

Ninguém, óbvio, pode objetar que, não obstante o fato de uma recém criança não poder fazer nada do que um adulto faz, um bebê é tão sensível quanto as pessoas de idade avançada. O choro estridente de um nenezinho é o que exprime melhor o sofrimento humano, mesmo que seja esse por uma necessidade que virá a ser inequivocamente tola para um adulto, até mesmo para uma criança mais madura ou um adolescente. Se Luis chorava por leite ou por prisão de ventre é porque não sabia falar; se não sabia falar, só podia mesmo sofrer, visto que não sabia como e o quê pedir. E, se os velhos calejados não choram mais por não ter o que querem, é só pelo fato de já terem se acostumado a tantas negativas. Não é o amadurecimento, tampouco o domínio da língua que ergue o muro do silêncio nas relações interpessoais, é o hábito de receber uma quantidade incomensurável de negativas. A cada longitudinal balançar de cabeça, a cada incontinente balbuciar dos lábios, a cada rotundo e convicto não, chora lá na mais instransponível vereda de nossas memórias um bebê.

Luis foi crescendo. Clinicamente, era perfeito. A mãe vivia agradecendo ao seu santo de devoção pela graça dada. Às missas de Domingo ia religiosamente, e sempre à missa das crianças. No meio daquela multidão de mães e avós, contava com certo orgulho da saúde de seu filho, o que soava sempre muito mal aos olhos das outras mães que viviam em consultórios e em salas de fisioterapia com seus pequenos enfermos. Mas se o menino Luis parecia um pequeno touro frente aos coleguinhas, no seu interior jazia uma terrível solidão. A excêntrica mãe, ao contrair o glaucoma materno que distorce a visão que se tem da cria, via naquele menino tímido e solitário um infantezinho, mesmo que para o resto da paróquia estivesse bem claro que se por um lado Luis gozava de força física, por outro o garoto não se relacionava bem com os coleguinhas.

De fato, Luis era só. Era impressionante a velocidade com que se desvencilhava das brincadeiras criadas pelos amiguinhos. Se havia um pique-esconde, deixava-se pegar, o que despertava a ira dos outros meninos. Tão logo a criançada percebeu que Luis não ligava para os xingamentos e cascudos, e deixavam-no de lado, como se faz com os meninos “café-com-leite”. Se havia uma pequena disputa – pequenas corridas, purrinha, par ou ímpar – não demonstrava qualquer interesse; por vezes era obrigado a compor a bandeirinha, o que sempre terminava mal. Luis apanhava quieto.

Pudera: era a opressão. Nem consigo imaginar o que vai no coração de uma pessoa que só conheceu a opressão, impingida pela vida. Desde o sol daquele verão horroroso, Luis vivia enclausurado pelo suor. Atrás daquela espessa camada de tristeza vivia um outro menino, uma espécie de borboleta em seu casulo, e esse invólucro espesso e vil não tinha como se partir. Era como se houvesse um halterofilista preso numa casa de bonecas que nunca se abria. Esse halterofilista não parava de crescer, enquanto a casa permanecia como deveria estar para sempre: imóvel. E na mesma medida em que o halterofilista e a casa de bonecas iam se tornando cada vez mais anacrônicos, Luis se distanciava das coisas do universo dos meninos. Seu rosto não se movia, não expressava o que sentia; na verdade, depois que aprendeu que o choro não mais lhe servia, foi se tornando incomunicável.

Sua mãe vislumbrava naquela criança introvertida um leão. Quanto mais Luis ficava distinto do que deveria ser um menininho normal, mais a mãe introjetava em sua própria mente as ideias que só poderiam ganhar vida dentro de uma mente num avançado estágio de loucura. Conquanto Luis fosse ainda muito novo – a essa altura tinha acabado de completar seis anos da mais ostensiva solidão – e parecesse muito improvável que seus estranhos gestos resultassem do contato nocivo e latente com o universo paranóico da mãe, era de saltar aos olhos a terrível coincidência: mais a mãe se perdia em devaneios, mais o filho se embrenhava na melancolia do auto relacionamento.

Talvez tudo tivesse ocorrido de outra maneira se o pai não tivesse se tornado ausente. Nos últimos dias daquele calor infernal, daquele verão insuportável, a figura paterna abandonou o navio da vida de Luis. Homem avesso aos conflitos, deixou a mulher no comando da própria vida e num monólogo cada vez mais taciturno acerca de suas agastantes teorias. Na realidade, homem nenhum deixa mulher e filho por não aguentar meia dúzia de bobagens recorrentes, de modo que é difícil saber se a loucura estava encruada na mulher desde sempre ou se aquela cabeça pródiga em digressões patéticas se perdera de vez na solidão de mulher abandonada.

Para Luizinho, as consequências se revelavam de formas sutis, sobretudo nos primeiros anos de sua vida. Quando o garoto já demonstrava para todos que embarcara num mergulho abissal em si mesmo, os comentários das outras mães da paróquia proliferaram feito uma pandemia. Entre as discussões sobre as novelas, as compras, o padre, os maridos, o garoto Luis virava pauta cada vez mais constante nas rodas matutinas de Domingo, sempre após a concorrida missa das crianças.

E numa dessas manhãs de bochorno, tudo transcorria como sempre: as mulheres comentavam o sermão do Padre, as crianças corriam no pátio contíguo à igreja, os homens tratavam de rir e papear em frente ao portão maior da paróquia, algumas senhoras já recolhiam os objetos do altar, enquanto o padre falava à sós com um dos seus secretários. Tudo na mais perfeita ordem, inclusive Luís.

Depois de todo final de missa, o garoto se dirigia ao corredor externo de uma das laterais da igreja, onde ficava o salão de festas. Pouco à frente do salão havia um pequeno canteiro com umas mangueiras bem novas, de tamanho bem modesto ainda. Como a copa dessas árvores era insipiente, o sol as perpassava sem a menor dificuldade, sobretudo naquele verão infernal. Naquele pequeno pedaço de terra crescia, desimpedido, um pequenino gramado, onde Luis ia sempre depois da missa para brincar, se é que pode-se chamar aquilo de uma brincadeira. Luis sentava no ínfimo meio-fio que separava o chão de cimento da terra, donde brotavam as jovens mangueiras. Nesse local, Luís sempre fazia a mesma coisa – antes de ser perturbado pelos colegas egressos de alguma zombaria feita depois do “Vão em paz e que o Senhor vos acompanhe” do padre -: retirava folha por folha da grama, de modo que todo gramado ficasse como um perfeito campo de golfe. Ao roçar cuidadosamente os pedacinhos daquela espécie de gramínea delicada e fina, trazia cada naco verdinho para bem perto de seus olhos, como se ali se encontrasse a solução de um grande mistério ou mesmo um grande tesouro por muito escondido.

No muro que separava a igreja da praça havia um portão preto bem baixo, mas totalmente encerrado numa placa de metal, que dava para o gramadinho. Luís jamais havia pensado em atravessá-lo, a despeito do barulho feliz que sempre chegava da praça após as missas. Ele estava mesmo é entretido com a sua grama. Mas, nesse dia, o portão estava entreaberto e Luís resolveu, num súbito incomum de curiosidade, ir até a praça.

Quando pôs o pé direito para fora do seu bem cuidado jardim, viu uma bola rolando bem em sua direção. Não houve tempo para pensar, somente para ou se desfazer da bola com um chute ou dominá-la para si. Luís, gostando cada vez mais daquela sensação de curiosidade, resolveu ficar com a esfera em seus pés. Com a sola esquerda, munido incrível precisão, controlou a bola. Ficou um breve momento olhando para baixo tentando entender não se sabe o quê, quando notou a presença de um menino correndo em sua direção. Aos gritos, o menino se aproximava requisitando, pedindo a bola , mas Luis estava sem reação. A última coisa que podia ter mente quando atravessou o portão era de que um menino raivoso viria em seu encontro. Mas por algum motivo, assim como deixava seus colegas de igreja caçoar dele impunemente, Luizinho ficou imóvel. Quando o menino mostrou que iria não bater em Luis e sim tentaria lhe tomar a bola, deu-se o milagre: Luis o driblou com um suave corte para a esquerda. Ao ser driblado, o garoto entrou portão adentro, dando de cara com as mangueiras. Desviando delas, não pôde evitar a queda: seus tronco e pernas aterrissaram no gramado, já os braços e mãos ralaram-se no pavimento para proteger a cabeça.

Luis não viu nada disso porque depois do primeiro corte um outro menino – menor, porém com uma feição de cólera – o atacou. Luis desferiu outro drible. Os garotos que estavam de fora da pelada deram um grito que ecoou feito música nos ouvidos de Luis. A algazarra foi sucedida por um pedido de gol coletivo. A garotada gritava e pulava em êxtase. A sensação que Luís teve foi libertadora e inenarrável. À esquerda do portão de onde saíra para subjugar dois garotos desconhecidos havia uma baliza, um golzinho desses de madeira. Luis disparou com a bola. Esse mesmo objeto que era a fonte de suas humilhações na paróquia, que na escola nunca havia lhe despertado o menor interesse, que era mais uma das tantas coisas que não representavam absolutamente nada para ele dentro de seu ensimesmado parque de diversões particular, de um momento para o outro, num estalar de dedos, tornou-se tudo o que ele mais sempre quisera na vida até então. Os olhos arregalados de Luis apontaram para a baliza e para lá ele foi com a bola em seus pés. Na sua cabeça, a corrida é interminável; a bola parece querer sair dos seus pés como quem foge de um cachorro raivoso. Atrás dele os dois meninos estavam distantes: um ainda tentava acompanhá-lo, o outro chorava em razão das mãos raladas do tombo. No final dessa epopeia, Luis tocou para o fundo da rede feita com sacos de batata que aos montes sobram do fim das feiras de Sábado.

O que ocorreu depois foi uma explosão de alegria: uma dezena de garotos vibrando por um gol insólito, feito por um garoto que jamais tinham visto, que saiu de trás de um portão para deixar dois meninos maiores no chão e fazer o gol mais importante da história do futebol: o gol que libertou o halterofilista da casa de bonecas.

Os meninos maiores levavam Luís no colo e repetiam o que viam fazer seus ídolos, ao levantar os destaques dos times nas comemorações de um título. Aos poucos, aquele rostinho que não mudava nunca, aqueles olhos arregalados, aquela expressão petrificada pela tristeza inefável ...Tudo o que era Luís desmoronou em um regozijo na forma de um tímido sorriso.

Ao voltar para a igreja pelo mesmo portãozinho que o levara minutos antes ao delírio, ouviu sua mãe gritar seu nome logo depois de despedir-se da última carola que ainda restava. Quando ela olhou para trás, viu o filho dobrar correndo a coluna do santo prédio. Quando a viu, saltou nos seus braços. A mãe tremeu de pavor e felicidade ao ver seu filho num estado até agora inédito. Luís gritava. Queria contar as novidades:

“Mãe! Mãe! Fiz um gol...Um g-gol...Um golaço!”, gritou o menino com os dois olhos encravados no olhar da mãe.

Logo a mãe percebeu o milagre. Corou subitamente. Só tinha lembranças do filho se comunicando com ela para pedir o que pedia através do choro, quando ainda era um recém-nascido. Naquela confusão de futebol, tensão e júbilo, a combalida mãe recebeu a boa nova: o tempo da opressão, das tempestades de calor, aquele verão abrasivo havia, enfim, chegado ao final.

“Que bom, filho! – disse a mãe para depois de calar-se um pequeno momento e abraçar mais forte ainda seu Luizinho - ... Como foi o gol?”

“Mãe, eu passei por dois e fiz o gol!”

De alegria, a mãe não soltou Luis de seus abraços, até não aguentar mais de tanto peso e felicidade. De mãos dadas, voltaram para casa em silêncio, andando vagarosamente, debaixo do mesmo sol que trazia, dessa vez, um sedutor presságio, cientes de que o mundo – o calor, o sol, a missa, a bola - mudara completamente a partir daquele dia.

Vitor Gouveia

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Uma vez Flamengo, sempre Flamengo...




Olá flamenguistas, tricolores e secadores de plantão,

Mais uma vez, em menos de uma semana, nosso Flamengão não colaborou. Jogamos mal, o Flu jogou foi melhor e, por isso, perdemos o combate. Promessa é dívida!! Apostei com meu colega músico-letrista-peladeiro-atleta-casado-tricolor que, quem perdesse, escreveria sobre o FlaXFlu. Como vocês já devem saber, estou aqui...

Antes de começar a resenha, para os que não conhecem, a pintura acima é do artista Johann Moritz Rugendas. Um pintor europeu que veio ao Brasil entre 1822 e 1825, para testumunhar através da arte os acontecimentos de nosso recém independente Império. A imagem acima recebe o título de "Navio Negreiro". Uma obra em que o artista tentou apresentar as covardias e o cárcere dos negros vindos como escravos para a futura terra do Carnaval das bundas.

Parecido com a torcida do Mengão. Com uma grande diferença: nossos negros são felizes. E os brancos também!!! Aliás, com licença, somos negros, pretos, brancos, loiros e mulatos. A torcida rubro negra tem de tudo! Somos livres! Liberdade conquistada após o preconceito da escravidão. É favela, sim!! É baixo-Gávea, também!! Somos a maioria, mulambada, esculachada, não pagamos coletivos nem trens!! Somos a humanização da população brasileira. Quer vocês (adversários) queiram, ou não!

Ok, perdemos o jogo.

Perdemos de 2 X 1. Eu vi.

Jogamos menos que os tricolores?? Sim. O Fred jogou? Não. E o Conca? Fez o segundo. Aliás, não sei como anda a cabeça de Maradona (feita ou não, pancada ou careta), mas o Conca merecia um lugar no banco de reservas, pelo menos. Sempre fez excelente trabalho nos campos brasileiros e naquela Libertadores da L.D.U.

O primeiro gol, quem fez? O camisa 10 tricolor. Não sei quem é, não quero saber e os filha d*&%¨$# tricolores sabem!!! Gol legítimo, bonito, parabéns. O goleiro Rafael também pegou legal a bola do Só Love (sem Adriano, agora só Love) por cima. Fim de primeiro tempo!!! Ufa, vamos respirar!!

Começou a 2ª metade. Dá-lhe tricolor! Pó de arroz péla-saco!!! GOOOOLLLL!!! Conca!! Já falei isso!!! É, fazer o quê? Eles estão melhores. Rubro-negros, prestem atenção: nossa barca é essa. Na nossa regata, esse são nossos remadores. Não gostaram??? F*&%¨$#oda-se!!! Vai ser assim!!! Vamos lutar para sobreviver!! Alguém aí sabe se Anderson UFC PREMIER Silva COMBATE é flamenguista?!?!?!? Toda ajuda será bem vinda!

Enfim, GOL DO BRUNO!!! Ops?!?! Só um momento, gol de quem?!?!? Goleiro????? Puts, esse também deve ir embora. No mesmo navio que levará outros do Mengão. O $$$$ (din din) fala mais alto! Estão presos aos seus empresários. O destino nas mãos dos cartolas. Não são escravos, mas perderam a liberdade de escolha. A nau negreira partiu, ainda não se sabe pra onde. Somente uma certeza: vários irão atravessar Oc. Atlântico, outros ficarão pelo caminho. Boa sorte a todos. Ao último, a tarefa: apague a luz ou sopre a vela.

Atenciosamente,

Urubu Folgado.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Uma chance.


Lembra-se quando o Flamengo estava última vez tão perto das semifinais de Libertadores? Então, nem eu! Só temos uma chance, veja bem, uma única chance. Será quinta próxima, vai até passar na televisão. Para os rubro negros assistirem seu time, os onze já conhecidos. Até mais, pelo menos nove titulares e uns seis reservas. Temos uma coluna na equipe que é antiga. O otimista Bruno, costuma atuar bem em jogos decisivos. A defesa boa de ataque: Angelim, Leo Moura e Juan (esse último sempre cabreiro, pé atrás...). Mestre Willians (no plural... sic). E o ataque, como vai o ataque, meu bem?! Vamos ver. Mas nada disso servirá se falharmos. Os noventa e poucos minutos de bola rolando serão reduzidos ao 1 - único - um jogo.

Talvez não venhamos a falhar. O outro time é composto por jogadores de seleções, se não me engano são cinco. Brasileiros jogando contra gringos bons de bola. Nosso histórico não favorece. Já erramos três vezes, pelo uma inaceitável. Temos outra chance. Mais uma. Última. A torcida foi ao estádio na chuva. Também vimos a patinada contra os paulistas. Em tempo, faltou espaço pro Hernanes nos treinos experimentais de células tronco do Dunga. Tanta "meia colher" naquele time, podia ter olhado para os nossos.

Acho que já comentei com meu colega tricolor uma de minhas memórias. Procurando agora no Google, vi que já não era tão criança. Foi no dia sete de outubro de noventa e nove. FLA 7 X O UNI. Quatro gols de Romário. Na minha memória isso agora é novo. Lembro-me de estar sentado no chão da sala, que era dividida pelo sofá de costas para a mesa de jantar. Minha mãe sentada à mesa, corrigindo provas (hábito comum até hoje, acho que no meu caso é genético). Era a noite, meu pai estava no sofá. A luminária acima da mãe escurecia meu pai. Pelo rádio ouvia-se o jogo. Lembro-me de vários "Romário", "Flamen-go-go-go" e "U-ni-ver-si-dad do Chi-le, zero!". Se pelo menos houvesse uma chance de viajar no tempo.

O jogo será decisivo. Nosso atacante do amor sabe o que é uma boa oportunidade. Teve várias, nos mais diferentes jogos. É artilheiro mas estatisticamente necessita de erros para obter acertos. Nas palavras do escritor Daniel Pennac: "estatisticamente tudo se explica, pessoalmente tudo se complica". Esperamos boas atuações de Love e Abriano. Que o último guarde sua euforia vitoriosa para depois do jogo. Seus hábitos de entreterimento atrapalharam na última chance de ir a essa Copa.

Enfim, o FLA X FLU está chegando, em dois domingos. SUDERJ informa: tricolores, haja o que houver, não saiam do jogo ao fim do primeiro tempo.

Urubu Folgado

Passaporte para o desconhecido


Estamos nos primeiros momentos do campeonato brasileiro de futebol, mas a muito pouco tempo de viver uma substancial e longa mudança na nossa realidade de torcedor: vamos perder por no mínimo três anos o Maracanã. Iremos mandar nossos jogos no Estádio Olímpico João Havelange, o Engenhão.

Existe uma série problemas envolvidos nessa viagem com volta – graças a Deus! -, já que o estádio foi arrendado pelo Botafogo por vinte anos e o Maracanã voltará a ser alugado por nós ao final do Mundial de 2014. E aquele pensamento – “segurem a pemba, chorões” - que lembro ter tido tão logo o Fluminense “perdeu” a concorrência pelo usufruto do estádio, agora retorna recrudescido, só que a “pemba”, nesse momento, está prestes a cair nas mãos da diretoria e da torcida tricolor.

Engraçado esse termo “pemba”. Ele serve para denotar um fardo, uma coisa difícil de lidar. Porém, acho que ninguém sabe ao certo o significado literal dessa expressão do coloquial brasileiro. Assim como ninguém sabe o que é uma “pemba”, a despeito do que essa palavra assume inserida na famosa expressão supracitada, o Fluminense não sabe nada do Engenhão. Triste é concluir que, ademais o fato do buraco negro que vem a ser esse estádio infeliz, o nosso querido clube é uma “pemba” encerrada em si mesma. O Fluminense não sabe do seu torcedor, logo, não sabe de si próprio, em última instância.

A comprovação cristalina desse fato é o nosso recém ressuscitado plano de sócio torcedor conhecido como Passaporte Tricolor. O Passaporte foi uma importante ferramenta de inclusão de uma maciça parcela de nossa torcida, de maneira mais assídua, no ano de 2008, quando jogamos a Taça Libertadores. Muitos torcedores apostaram no passaporte porque viram, desde o início daquele ano, que o Fluminense poderia avançar no maior torneio do nosso continente. Com o desenrolar das fases mais agudas, os ingressos ficariam mais caros e inacessíveis. Por R$40 mensais, o torcedor tricolor poderia ver qualquer partida cujo mando de campo fosse nosso. Pois bem, o programa representou não só um incremento de torcedores nos jogos de menor apelo como mostrou nitidamente o potencial da nossa torcida, além de deixar explícito que os caminhos da fidelização do torcedor não são tão complicados de se percorrer: o torcedor do Fluminense estava ansioso por um pouco de atenção do clube, por ser tratado como protagonista.

Depois desse sucesso, o Passaporte sofreu com críticas, principalmente as que contavam do aumento do valor da mensalidade e do insano contrato assinado com a prestadora de serviços que produzia e dava sequência ao programa. O valor revertido ao clube era irrisório. Nessa mesma época, ganhou força a campanha de associação ao clube que levou muitos sócios torcedores a migrar para a modalidade que permitia ao associado participar da vida política do clube. Antes de dizer que a mudança foi acertada por grande parte da nossa torcida, é necessário pontuar o absurdo. Só mesmo no Fluminense o sócio vota mas não recebe o direito de ver os jogos do clube por isso – existe o benefício da meia entrada, mas até esse andou suspenso nos últimos tempos –, e o sócio torcedor não vota mas ganha direito de assistir os jogos. A manobra política é evidente, mesmo que lida nas entrelinhas. O sócio torcedor paga menos e tem direito a ver os jogos do seu clube, contudo, não vota. Um clube que não anseia por ter mais torcedores de arquibancada nos seus quadros sociais só poderia mesmo proceder de maneira tão desleixada com o sujeito que lhe traz a honraria de ser conhecido como clube grande.

E depois de ter sido enterrado, o passaporte tricolor retornou. Excetuando o valor inicial para confecção da carteira de “associado”, o valor da mensalidade é de R$55, sendo assim liberada a entrada do torcedor no setor das arquibancadas amarelas do ”maior do mundo”. Mas, quem fez o programa parece ter chegado de Vênus por esses dias, e não sabe que o Maracanã vai fechar pelos próximos anos. Por isso, os nossos magnânimos extra terrestres da galáxia distante de Laranjeiras não previram sequer o que qualquer criança sabe de cor e salteado: se não cair um estádio do céu, vamos jogar naquele horroroso estádio da prefeitura.

Mesmo que o senso comum diga que o Engenhão é o mais moderno estádio em território nacional, que ele é o que reflete melhor, no Brasil, o conceito de arenas modernas e aprazíveis ao torcedor, é possível refutar tal afirmação com precisão. Quem já foi ao estádio sabe que a atmosfera lá é ruim e que aquela arquibancada para além dos gols é inacabada. Só os setores Leste e Oeste inferior são razoáveis para quem gosta de torcer para seu time de futebol; o resto do estádio é feito para quem vai ver um meeting de atletismo, e de binóculos, de preferência. A segurança lá já se mostrou mais difícil de ser promovida pelo GEPE, além dos problemas com o estacionamento de veículos.

Por isso, o mínimo que se poderia esperar do passaporte tricolor é que, no seu contrato de adesão, já estivesse estabelecido onde o torcedor associado deve se localizar no Engenhão. Mas, o Fluminense é um clube incrível! É muito provável que os mentores do Passaporte nunca tenham ido ao Engenhão, ou sequer tenham consultado torcedores que lá já estiveram para acompanhar um jogo de futebol. Pode até ser que a diretoria ainda esteja aventando outras possibilidades, como o Raulino de Oliveira ou São Januário. Se for isso, é hora de fechar para balanço e chorar na cama – com PFC, amendoim e um gorozinho – que é lugar quente.

A falta de projeto é gritante. O programa entra no ar às vésperas de uma mudança anunciada desde a divulgação do cronograma de obras do Maracanã, e mesmo assim, o Passaporte Tricolor entra em cena depois do tempo, já que a comercialização deveria estar sendo feita desde o ano passado – vide o caso dos clubes europeus que seis meses antes de começarem as ligas locais estão vendendo pacotes de ingressos com sedutores descontos que garantem austeridade e casa cheia o ano inteiro. Não há também uma definição sobre os ingressos destinados às Organizadas, o que faz a situação beirar o risível. Imaginem que o nosso Marketing ainda não se posicionou sobre a possibilidade do Passaporte ser destinado ao mesmo setor dos ingressos gratuitos. Se isso acontecer, mais do que um tiro no próprio pé do programa, já que as gratuidades limitarão o número de pacotes que poderão ser vendidos, revelar-se-á novamente a falta de vontade política para resolver de vez essa questão, seja para acabar com os ingressos gratuitos, seja para normatizar a distribuição, de modo que essa não seja mais por razões políticas e pontuais.

Por isso tudo, não fiz meu Passaporte. Quem entraria num barco sem comandante que navega ao prazer do vento, sem saber onde vai chegar? Mas ainda há tempo de aprumar as coisas, se é que existe interesse real em fazer da torcida parte primordial do espetáculo e promotora importante do orçamento do futebol Tricolor.


Vitor Gouveia